Notícia

Denise Britto - Publicado em 07-07-2025 12:43
Estudo foca prevenção da violência em relacionamentos entre homens gays
Pesquisa convida homens gays para participar (Foto: Pixabay)
Pesquisa convida homens gays para participar (Foto: Pixabay)
Uma pesquisa na área da Psicologia da UFSCar está investigando a viabilidade de uma proposta de intervenção coletiva voltada à prevenção secundária - isto é, precoce - da violência em relacionamentos afetivo-sexuais entre homens gays. O objetivo é fortalecer a inteligência emocional, promover relações seguras, horizontais e afirmar positivamente a sexualidade.

"Estudos nacionais e internacionais apresentam que a população jovem lésbica, gay e bissexual apresenta maior risco de experiência de vitimização em violência em relacionamentos afetivo-sexuais comparado com jovens heterossexuais", explica a mestranda Programa de Pós-Graduação em Psicologia (PPGPsi) da UFSCar Renita de Cássia dos Santos Freitas, responsável pelo estudo. "Para homens gays, o estresse de minoria tem um impacto importante na forma como lidam com situações de violência nos relacionamentos. Esse estresse adicional acontece por conta de vivências ligadas à orientação sexual, como a expectativa e o medo de rejeição nas situações sociais, a pressão interna e externa para esconder quem se é, o preconceito sofrido no dia a dia e a internalização de forma negativa sobre sua identidade sexual. Nesses casos, pode surgir o que se chama de duplo armário. A primeira dificuldade é assumir publicamente que está em um relacionamento com outro homem. A segunda é falar que está sofrendo violência nesse relacionamento. Esse silêncio pode trazer culpa, vergonha e medo de ser julgado, além de dificultar a busca por ajuda, seja com amigos, família, profissionais de saúde ou apoio jurídico."

Convite para participação
Estão sendo convidados como voluntários da pesquisa homens gays, com 18 anos ou mais, de qualquer região do Brasil, com histórico de violência em relacionamentos afetivo-sexuais - nos mais diversos modelos e formas de se relacionar como, por exemplo, em ficadas sem compromisso, monogâmicos, não monogâmicos, a distância, relações virtuais ou uniões estáveis. A pesquisa oferece psicoeducação principalmente sobre Inteligência Emocional. Para participar, basta responder ao formulário disponível em https://bit.ly/3Gknqyq. Todas as informações fornecidas no questionário são sigilosas e utilizadas exclusivamente para fins científicos.

Importância de espaços psicologicamente seguros
A pesquisadora relata que os estudos em Psicologia demonstram que a participação em espaços seguros, seja individual - como na psicoterapia -  ou coletivos - grupos terapêuticos -  tem diversos benefícios. "Pode auxiliar a fortalecer a inteligência emocional, a partir do aprendizado sobre emoções para que possa reconhecer e nomeá-las em você e no parceiro, além de entender as razões por trás daquele estado emocional para escolher estratégias de regulação adequadas a favor da manutenção e equilíbrio do relacionamento", indica. 

Outro benefício é a possibilidade de "aprender habilidades de relacionamento importantes, como a resolução de conflitos para comunicar incômodos e desconfortos de forma em que os sentimentos e necessidades de ambos sejam respeitados e levados em consideração". Outro efeito benéfico, completa a pesquisadora, "diz respeito a aumentar o autoconhecimento e com isso respeitar seus limites, vontades, desejos, bem como compreender as influências que o contexto social tem na forma de moldar como nos relacionamos para encontrar possibilidades que fazem sentido para as pessoas envolvidas a partir de seus interesses conjuntos". Esse processo pode, ainda, "disponibilizar informações importantes na busca de auxílio jurídico especializado como nas situações de violação de direitos".

Sobre o estudo
O trabalho "Prevenção da violência no namoro em homens gays" tem orientação do professor Fabiano Koich Miguel e coorientação da professora Sabrina Mazo D?Affonseca, ambos do Departamento de Psicologia (DPsi) da UFSCar, e conta com apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Dúvidas podem ser esclarecidas com Renita Freitas pelo e-mail rcsfreitas@estudante.ufscar.br. Projeto aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFSCar (CAAE: 72094223.0.0000.5504).